domingo, 5 de agosto de 2012

2ª expedição - Praça do Rosário



A segunda expedição ocorreu no dia 5 de agosto, desta vez percorremos a Praça do Rosário e imediações, alem de percorrer os principais casarões  pode-se visitar algumas construções do período modernista.

Igreja do Rosário
Em março de 1852, o vigário da Matriz, padre Francisco de Assis Pinheiro Uchoa, e várias pessoas da Vila Formosa resolveram erigir um templo em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Antes disso, há indicações, em 1836, de que uma capelinha existia no local, onde “reis e rainhas e mais irmãos hão de servir à N. Sra do Rosário” – uma clara referência aos festejos de Reisado e Congadas que se concentravam no largo.
Em 1855, foi feito um contrato entre a Irmandade Nossa Senhora do Rosário e Jacinto Salgado para efetivar a construção da igreja. Passados alguns anos, Antônio Correa da Paixão e Ecídio Martins Borges foram contratados para colocar os sinos e o envidraçamento das janelas.
Durante as celebrações da Semana Santa, quando a cidade enchia-se de gente, a tradicional procissão do en-contro descia da Igreja do Rosário em direção à Rua Direita (hoje, Rua Antônio Carlos) integrando os dois largos da Matriz e do Rosário, como ainda hoje denominamos o centro da cidade.


O Fórum de Passos

No início de 1909, o Governo do Estado enviou um delegado militar, o alferes Isidoro Correia Lima, para que pusesse fim aos desmandos e falsificações eleitorais, enfim que fizesse uma “higienização” nas práticas criminais e eleitorais passenses. Desde que chegou, Isidoro aproximou-se dos líderes políticos lavouristas: almoçava e jantava com eles, pedia-lhes dinheiro emprestado, prestava-lhes favores. Os lavouristas tinham a impressão de que Isidoro estava apoiando a continuação da política local.

Em agosto de 1909, Juca Miranda e seu camarada Benvindo, após desentendimentos familiares, assassinaram João Modesto, cunhado de Juca, quando este chegava em casa. A família de João Modesto tinha certeza de que o crime não seria apurado e tudo ficaria como se nada tivesse acontecido.
O delegado Isidoro não recebeu nenhuma denúncia do crime, mas resolveu convocar as pessoas a deporem sobre o caso João Modesto, primeiramente em dias diferentes, depois foi adiando os interrogatórios até que todos depusessem no mesmo dia, o que aconteceu em 26 de setembro de 1909.
O primeiro a depor foi Juca Miranda, autor do crime. O plano do delegado era chamar cada coronel na sala de interrogatórios, assassiná-los um a um, cortando-lhes as cabeças a machadadas. Juca Miranda sentou-se à frente do delegado e o soldado Furquim, seu ajudante, ficou de pé ao lado do delegado. Após o depoimento, quando Juca Miranda abaixou-se para assinar o livro, o soldado deu-lhe machadadas no crânio e no pulso. Juca reagiu e saiu ferido e gritando para os coronéis que estavam na sala de espera. Armou-se uma confusão. Não se sabia quem atirava em quem.
Antenor Magalhães, amigo de Neca Medeiros, foi um dos muitos curiosos que foram ao Fórum assistir ao fato tão inusitado: os coronéis depondo. Foi morto na confusão. Neca Medeiros, quando viu o alferes Isidoro saindo do Fórum, foi para o seu lado falando alto e protestando contra a violência. Este prontamente ofereceu-lhe proteção, dizendo-lhe que entrasse no Fórum, ao que Neca Medeiros aceitou de imediato, achando que estaria mais protegido.
Quando entraram, Isidoro fechou logo a porta e, na cozinha, Medeiros foi baleado, morrendo junto ao fogão de lenha. Os dois políticos mais influentes de Passos estavam mortos. George Davis, um americano que estava em Passos devido a acordos para instalação da Companhia de Força e Luz, foi atingido por uma bala, a qual acertou o relógio que trazia no bolso, salvando-lhe da morte. Depois de baleado, ficou imóvel no chão, fingindo-se de morto até que a confusão fosse desfeita.
Após os assassinatos, Isidoro e seus ajudantes fugiram atirando para o alto. A cidade de Passos foi invadida pela jagunçada. Ninguém saía de casa. Monsenhor João Pedro, por meio de visitas e reuniões familiares, serenou os ânimos. Isidoro e seus ajudantes retornaram alguns dias depois, sob a proteção do prefeito. Antes de entrar, explodiram dinamites e deram tiros para o alto, intimidando as pessoas. Nesse mesmo dia, foram presos os envolvidos.
Em março de 1910, numa sessão de júri público – presidida pelo juiz de direito da Comarca, Dr. Saturnino Amâncio da Silveira, pelo promotor de justiça, Dr. Fernando de Magalhães Macedo e servindo de escrivão o capitão Hilarino Joaquim de Moraes –, foi fei-to o julgamento dos envolvidos na matança. Ao lado do promotor de justiça, o Dr. João Silveira, advogado residente em Casa Branca, chamado a Passos para auxiliar o Ministério Público na acusação por parte das viúvas do coronel Manoel Medeiros e do tenente-coronel José Stockler de Miranda, as senhoras Guilhermina Emygdia
de Lima Medeiros e Valeria de Lemos Miranda.
Os advogados de defesa foram Dr.Lycurgo Leite e Dr. João Leite, de Muzambinho e Guaranésia, e Dr. Antônio Celestino, de Passos. Muitas pessoas aglomeraram-se nas dependências e ao redor do Fórum para acompanhar os debates. Foram julgados em primeiro lugar o alferes Isidoro e o soldado Furquim e, depois, o coronel Francisco de Lemos Medeiros. Todos os réus foram absolvidos.


Expedicionários
A partir de 1944, o Brasil envolveu-se na Segunda Guerra Mundial e, devido à presença do Tiro de Guerra na cidade, muitos jovens passenses foram convocados para a guerra. Os nascidos em 1.922 e 1.923 fizeram parte do 12º Regimento de Infantaria de São João Del Rey-MG,
cidade sede da infantaria, que treinou diversos jovens para compor a Força Expedicionária Brasileira (FEB Os expedicionários de Passos eram: Jones Pimenta de Vasconcelos, Geraldo Silvério de Almeida, Antonio Formágio, Lauro Sawaya, Jorge Jabur, Alfredo Lemos de Vasconcelos, João Lemos Filho, Maurício Gomes de Pádua e Djalma Bordezan.
Embora a guerra na Europa tenha terminado em julho de 1945, os expedicionários chegaram a Passos somente em novembro. Foram recebidos com grande festa na Praça da Matriz, onde foi realizado um comício homenageando-os.
Para homenagear aos pracinhas, a antiga Rua Primeira Chapada passou a ser chamada de Avenida dos Expedicionários passenses, e na Praça Geraldo da Silva Maia (Praça do Rosário), foi erguido um monumento.

O modernismo em Passos
Autor do Projeto: Paulo Esper Pimenta e Maristela Scotfield Silva Pimenta
Residência Feliciano Maia de Andrade

Localizada em frente a antiga praça do Rosário (hoje Geraldo da Silva Maia), tradicional e central espaço público da cidade, ao lado da Prefeitura Municipal. Possui três pavimentos (um acrescido nos anos 1990), divididos no térreo em uma ampla sala com face para a praça, com uma varanda em balanço e abrigo para carros, com acesso de serviço. Pela face da rua lateral, há o acesso social. O pavimento térreo possui ainda as dependências de serviço e cozinha. Uma escada, com face para o oeste, dá acesso ao segundo pavimento, onde ficam os dormitórios e sanitários. Posteriormente, o arquiteto acrescentou à laje de cobertura uma área de lazer, com acesso independente. Com linhas retas e balanços arrojados em concreto armado com uma empena lateral envidraçada e pequenas aberturas como se fossem nichos, é uma obra de referência da arquitetura moderna local que dialoga com o Paço Municipal, também projetado pelos mesmos arquitetos, por seu impacto visual em área central da cidade.

Prefeitura Municipal de Passos

Construída no centro da cidade, defronte aos jardins da Praça Geraldo da Silva Maia, antiga praça do Rosário, no terreno que foi ocupado pela própria igreja demolida. O projeto iniciou-se durante a gestão do prefeito José Figueiredo (1964-1969) e foi concluída na de Antônio Pedro Patti (1969-1973). Tinha previsão, conforme demonstram os estudos iniciais, para oito pavimentos. Posteriormente, o projeto definitivo foi mais modesto, restringindo-se a quatro pavimentos, onde funciona atualmente apenas a sede do Executivo Municipal, já que originalmente destinava um dos andares à Câmara Municipal. O prédio, um paralelepípedo com duas empenas cegas curvas revestidas por telhas de alumínio, possui as outras duas faces laterais totalmente envidraçadas, demarcadas pela estrutura livre em concreto armado. Vários elementos plásticos modernistas estão presentes na obra, como as escadarias em leque, uma ampla sacada (terraço-jardim) para permitir solenidades públicas desdobrando-se sobre a praça e a paisagem da cidade. Além disso, foram utilizados brises soleil horizontais e móveis na face oeste, em fibrocimento. Os dois pavimentos superiores são sustentados por balanços estruturais (pórticos), que permitem a existência de corredores laterais (ruas) sobre a viga de transição, que tem formato peculiar.

Textos  
Profª Leila Suhadolnik
Edição comemorativa 150 anos de Passos
 Prof. Mauro Ferreira
Arquiteto, Prof. FESP




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